Por Fabiana Esteves
Há alguns anos atrás, eu estava no cinema com a prole e o marido e me peguei emocionada não somente com o filme, mas também com a família ao lado, cujos filhos tinham em média dois e três anos. A mãe fazia cinema com audiodescrição. Não que as crianças fossem cegas, mas ela engendrava um descrever afetivo, bem mais do que um simples traduzir de expressões ou inferências que as crianças fossem incapazes de fazer, mais do que uma diluição de conteúdo... A mãe adornava as palavras com toques e voz suaves, tentando responder as perguntinhas fofas sem muito rodeios, costurando com sentimentos e acontecimentos que julgava familiares aos seus rebentos. Em tempos de falta de tempo, de falta de paciência, imediatismo e indiferença, uma doce e leve fagulha de luz. Assim como no filme, quando o pai dinossauro girava a cauda para acender os vaga-lumes escondidos na grama, aquela mãe acordou a curiosidade, os sorrisos e afetos de seus pequenos naquela tarde. Em mim ela despertou não só as lágrimas, mas acendeu os verdes vaga-lumes da esperança. E de repente, na sala escura, fez-se a luz. Agora, anos depois, sinto-me tomada do mesmo desejo de esperança, de fé na ciência e na humanidade… Que a vacina venha reacender os vaga-lumes do afeto e da ternura que ainda brilham em nós.
Reescrito em 27 de abril de 2021
Na imagem acima, a partir do topo: Na primeira foto, uma cena do filme "O Bom Dinossauro", da Disney. Na segunda foto, Laís e Ísis, filhas de Fabiana Esteves.
Autoria
Fabiana Esteves é Pedagoga formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNiRIO) e Especialista em Administração Escolar. Trabalhou como professora alfabetizadora na Prefeitura do Rio de Janeiro e no Estado do Rio com Educação de Jovens e Adultos. Trabalhou como assessora pedagógica e formadora nos cursos FAP (Formação em alfabetização Plena) e ALFALETRAR, ambos promovidos pela Secretaria de Educação do mesmo município. Também foi Orientadora de Estudos do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa, programa de formação em parceria do município com o MEC. Em 2015 coordenou a Divisão de Leitura da SME de Duque de Caxias (RJ). Atualmente, é Orientadora Pedagógica da Prefeitura de Duque de Caxias, onde tem se dedicado à formação docente. Escritora e poeta, participou de concursos de poesia promovidos pelo SESC (1º lugar em 1995 e 3º lugar em 1999) e teve seus textos publicados em diversas antologias pela Editora Litteris. Escreve para os blogs “Mami em dose dupla” e “Proseteando”. Publicou os livros “In-verso”, "Pó de Saudade", "Maiúscula", "A Encantadora de Barcos" e "Coisas de Sentir, de Comer e de Vestir". É mãe das gêmeas Laís e Ísis.
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