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Um olhar debochado sobre a história em Asterix

Por Gilson Salomão Pessôa



A famosa série em quadrinhos criada na França por Albert Uderzo e René Goscinny no ano de 1959 é baseada no povo gaulês e em grande parte no tempo do seu grande chefe, o guerreiro Vercingetorix. Após o falecimento de Goscinny em 1977, Uderzo prosseguiu o trabalho.


O protagonista das histórias mora junto com seu amigo Obelix em uma aldeia litorânea que é o único lugar que não foi invadido pelo Império Romano, graças a uma poção mágica do Druida Panoramix que os torna invencíveis. O único que adquiriu o poder permanente da mesma foi Obelix, que caiu num caldeirão da mesma quando era pequeno.


Em cada aventura a dupla ocasionalmente se encontra com outros povos que estão sob o domínio dos romanos e precisa ajudá-los a resolver um problema. Esse choque cultural é muito interessante e gera muitas situações engraçadas. De certa maneira acabamos aprendendo bastante sobre aqueles lugares e civilizações, já que os mesmos realmente existiram com seus respectivos idiomas e crenças.


O traço cartunesco denota a irreverência da narrativa, que apresenta personagens históricos verídicos como Júlio César, Cleópatra e outros interagindo com eles de maneira paródica. Alguns nomes são palavras formadas a partir de trocadilhos, sejam eles romanos (Acendealus, Apagalus, General Motus) ou egípicos (Pedibis, Quadradetenis). Em uma das histórias, um romano descobre segredos e ameaça revela-los. O seu nome? Wikilikis. Algumas piadas são recorrentes enquanto outras provêm de acontecimentos, invenções, frases ou ideias posteriores à época em que supostamente decorre a narrativa.


As primeiras publicações surgiram na revista Pilote, logo no primeiro número a 29 de outubro de 1959. O primeiro álbum Asterix o Gaulês foi editado em 1961, a partir do qual começaram a ser lançados anualmente.


As histórias de Asterix foram traduzidas até o momento para 83 línguas e 29 dialetos, incluindo o português, europeu/brasileiro e o mirandês sendo muito populares na Europa, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, América Latina, África e Ásia. Porém não são ainda tão conhecidas nos Estados Unidos e no Japão. Já foram lançados 35 álbuns que venderam 350 milhões de exemplares em todo o planeta, um dos quais é uma compilação de histórias curtas. Asterix também inspirou 12 adaptações para cinema (8 de animação e 4 live actions), jogos, brinquedos e um parque temático.

Albert Uderzo anunciou sua aposentadoria no fim de setembro de 2010 aos 84 anos, após atingir a marca histórica de 350 milhões de unidades vendidas em todo o planeta em diversas línguas.


Em 2013, dois anos após Albert Uderzo anunciar sua aposentadoria, foi lançado o primeiro álbum por outros artistas, Asterix entre os Pictos, de Jean-Yves Ferri e Didier Conrad.


Em outubro de 2015, a dupla publica um novo álbum, O Papiro de César e o volume 37, Asterix e a Transitálica, lançado em 19 de outubro de 2017.


Uderzo nos deixou no dia 24 de março deste ano aos 92 anos, mas seu legado certamente é eterno e apesar de sua triste despedida acredito que podemos contar com novas aventuras dos gauleses irredutíveis.




 

Autoria


Gilson Salomão Pessôa é jornalista formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora, com Pós Graduação em Globalização, Mídia e Cidadania pela mesma faculdade. Publicou os livros "Histórias de Titãs Quebradiços" e "Um Suspiro Resgatado".

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