Por Ana Paula Monteiro
Nós que passamos apressados
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras e as palavras de gentileza
Marisa Monte
A gentileza tem um ar nobre e despretensioso em ganhar notoriedade. Comecei a observar que as pessoas gentis são delicadas e firmes, tratam as outras pessoas com tanto carinho e respeito independente de quem seja. Isso é de uma beleza sem igual nos dias de hoje, e acredito que sempre será.
Ser gentil está nas coisas simples da vida. Estamos rodeados de fazeres e tarefas que precisam ser cumpridas. Esquecemo-nos, assim, de exercitar a gentileza, sobretudo, aqueles que ainda não conseguiram naturalizar a gentileza em seu comportamento cotidiano.
A gentileza é tão natural em alguns comportamentos que a sua ausência nos impacta, principalmente, em pessoas do nosso convívio. Chama-nos a atenção essa característica do “não gentil”: seja por medo, por desconfiança, pela chamada falta de educação ou pela insensibilidade. Atenção, cordialidade, cortesia, delicadeza nunca é demais diante de tantas pessoas que estão passando por uma dor ou dificuldade.
Durante o período inicial da pandemia, telefonei para uma amiga, o que seria uma ação comum no dia a dia, mas fui surpreendida com a narrativa de Claudia, ao mencionar que há meses não recebia um telefonema. Estava em tristeza profunda, apresentando quadro depressivo mediante as dificuldades do período da pandemia, visto que suas demandas de trabalho haviam aumentado, além das questões familiares. Para Claudia, só ela estava em uma situação de dificuldade, pois o mundo que conseguia enxergar era aquele que as outras pessoas postavam nas redes sociais. Por vezes, um mundo de aparências, de alegrias descabidas ou de tristeza, causados por muitos lutos no Brasil e no mundo. O telefonema que duraria 10 minutos no máximo, levou mais de 1h. Ao término da conversa fiquei feliz por ter ouvido: “Estou melhor, pude conversar com você!” Essa frase mostrou a importância de ouvirmos o outro com o corpo inteiro, com alteridade. Afinal, era o mínimo que eu poderia fazer naquele momento, além de indicar ajuda psicológica e esperançarmos juntos por dias melhores.
Ser gentil também é para os fortes, saber ouvir é sentir o que o outro sente.
Na área da psicologia algumas pesquisas mostram o poder da gentileza para nossa saúde, há uma pergunta que sempre é feita: Quem é feliz por isso é gentil? ou Quem é gentil por isso é feliz? Os resultados apresentam que pessoas felizes possuem uma predisposição para a gentileza e a generosidade.
Que seja um exercício constante em nossas vidas a gentileza e a felicidade, não importa a ordem e, sim, o que caminhamos e aprendemos entre esse círculo de virtudes.
Afinal, gentileza gera gentileza.
Autoria
Ana Paula Monteiro é Mestra em Educação, Professora, Especialista em educação infantil e educação especial. Escritora. O trabalho com a formação de professores e a educação infantil são estudos que motivam a continuar na área da educação. Mãe do Luiz, apaixonada pela arte de emocionar ao contar e escrever histórias. Publicou o livro infantil "Brincadeiras", pela editora Panóplia.
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