Por Paulo Pazz
— Gente, hoje vai ter confusão no fórum de Catalão! Corre de boca em boca, por toda cidade, uma confusão da grossa, causada pelo "louro" tagarela que acompanha o tenente aposentado da PM, José Frausino, há mais de seis anos.
Não seria tão interessante o evento, se dá outra ponta da contenda não estivesse o tão respeitável desembargador Severino Carvalhedo e sua pomposa esposa Clotilde Miquelina Risigoto, a mulher mais histérica da região e que jamais aceitava ser chamada apenas pelo primeiro nome. Para ela, o nome da família Risigoto valia mais que toda a cidade.
Às nove da manhã, as imediações do fórum já estavam repletas de passantes, pois a feira na rua em frente colaborava muito para isso.
Logo chegava o carrão chique do desembargador e dele saía o casal, com cara de poucos amigos. Sr. Severino, ladeado por sua esposa e rodeado por 4 seguranças, chispou para dentro do prédio onde já se encontrava o tenente aposentado e sua advogada.
O povo, olhando de esguelha, começou a fazer as rodinhas mexeriqueiras e até apostas correram frouxas. Um placar foi montado, em cartolina, na barraca de pastéis e a turba esticava o pescoço, ora para o fórum, ora para a barraca.
— O quê será que esse papagaio aprontou? — perguntava um.
— Essa tal de Clotilde é uma bisca e manda no marido. Como é que pode tanto mimimi por causa de uma papagaio? — dizia dona Alice.
— Alguém viu a matéria sobre esse processo? Está no jornal Folha Zero? Imagino o que esse papagaio deve ter dito (risos) — Falou Carlos, o dono da barraca de pastéis.
— Não deve ter sido coisa pouca, pois um desembargador não iria entrar numa treta dessas só por causa dos caprichos da mulher, arriscando arranhar sua imagem... Sei não, mas deve ter coisa grande por trás disso tudo! — Sentenciou o senhor Antônio Sapateiro.
E o assunto correria por muitos dias ainda, até que um fato novo substituísse o de agora.
Apalpei umas berinjelas bonitas, comprei um molhe de couves e algumas verduras e saí dali driblando as gentes, os cheiros e os barulhos da feira.
Autoria
Paulo Pazz é licenciado em Letras pela UFG-CAC, Professor pelo Estado de Goiás e Membro da ACL - Academia Catalana de Letras. Também é revisor e colunista da Revista Portalvip (com circulação em toda região sudeste de Goiás), integrante da Comissão julgadora das Olimpíadas da Língua Portuguesa desde 2014, ator integrante da Cia Express’arte e instrutor de “Contação de Causos" pelo Centro Cultural Labibe Faiad (Catalão/GO). Participou da mesa redonda O fazer Poético e do Sarau de Poesias (ambos do I FLICAT UFG) e do Festival Literário do Cerrado – FLICA (Ipameri-GO), edições I, III e IV. Mantém a Página literária do blog Recanto das Letras, do site da UOL, desde Outubro de 2008. Recebeu oito premiações em concursos literários mantidos pela UFG (a primeira em 1993), cinco premiações pelo SESI-Arte e Criatividade (nas categorias Conto e Poesia) e o Prêmio “Trabalhador da Indústria” pelo SESI. Participou de duas antologias poéticas publicadas pelo SESI – Serviço Social da Indústria e publicou os livros "Palavra Lavrada", "Transfiguração" e "Manual do Desesquecimento".
Fanpage: https://www.facebook.com/paulopazz
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