Por Gilson Salomão Pessôa
Imagem: http://www.tintimportintim.com/
O personagem foi criado pelo autor belga Georges Prosper Remi (mais conhecido como Hergé) em 1929 e desde então suas aventuras em quadrinhos ao redor do globo e até na lua tem encantado gerações até os dias de hoje. Apesar de algumas controvérsias envolvendo alguns fascículos, como Tintim na África e Tintim no País dos Sovietes, onde os mesmos se deram em função de contextos históricos mais etnocêntricos e menos esclarecidos, a idoneidade do protagonista continua intacta e sua busca enquanto jornalista pela verdade dos fatos chega a ser inspiradora. Mais tarde, Hergé assimilou os defeitos desses primeiros álbuns a “um erro de minha mocidade” Tintim está sempre acompanhado pelo seu cão fox terrier branco chamado Milu. O nome foi atribuído como uma referência indireta a uma namorada da juventude de Hergé, Marie-Louise Van Cutsem, que tinha o apelido de “Milou” Ao longo de sua jornada ele acaba fazendo vários amigos, entre eles o Capitão Archibald Haddock, que rende boas risadas com seu temperamento explosivo e por vezes desengonçado.Tem problemas com bebida e ocasionalmente isso acaba gerando perigos desnecessários para o mesmo e todos ao seu redor. A natureza rude do capitão e seu sarcasmo representam uma contradição ao freqüente e improvável heroísmo de Tintim; ele sempre rompe com um comentário seco ou satírico quando o repórter parece demasiado idealista. Outros personagens secundários incluem a dupla de detetives gêmeos Dupond e Dupont, além do Professor Trifólio Girassol, cientista genial, mas quase surdo, que entende e age diante de tudo de maneira equivocada como resultado de sua deficiência auditiva. Hergé jamais negou suas ideias conservadoras. Talvez por esse motivo, Tintim seja a favor da ordem estabelecida, o que não o impede de dar atenção aos menos favorecidos, e, em muitas ocasiões, tomar o partido destes. Ao longo de suas viagens, ele demonstra um verdadeiro interesse e respeito pelas culturas não-européias, o que se manifesta também na vontade de seu criador de fazer pesquisas meticulosas para a confecção dos álbuns. Vale acrescentar que os vilões de suas histórias são bastante verossímeis, como ditadores, traficantes, ladrões, espiões, falsificadores de dinheiro, contrabandistas e mafiosos, o que facilita a imersão no universo do personagem. Tintim e seu criador inspiraram muitos artistas através da sua obra. A linguagem desenvolvida pelo autor mostrou-se influente e contribuidores do Tintin magazine empregavam seu estilo e, mais recentemente, Jacques Tardi, Yves Chaland, Jason Little, Phil Elliott, Martin Handford, Geoff Darrow e Garen Ewing produziram trabalhos utilizando o estilo do autor. O legado de Tintim inclui o estabelecimento do mercado de coleções de quadrinhos/cartoons; e o modelo adotado pelas coleções foram também adotadas por criadores e editores na França e Bélgica. O sistema permite uma grande estabilidade financeira, com os criadores recebendo dinheiro enquanto ainda trabalham. O modelo rivaliza com o norte-americano e o inglês do tipo “trabalhe antes e receba depois”.
Autoria
Gilson Salomão Pessôa é jornalista formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora, com Pós Graduação em Globalização, Mídia e Cidadania pela mesma faculdade. Publicou os livros "Histórias de Titãs Quebradiços" e "Um Suspiro Resgatado".
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