Por Gisele Silva
— Ei, acorda... Precisamos lhe falar.
— Agora não. Tenho que descansar.
— Por favor, levante-se. Temos muito a lhe mostrar.
Já não da para ignorar. Levanto, pego o caderno e a caneta e me ponho a esperar.
Então elas começam a falar. Apresentam personagens, seja bicho, seja gente. Mostram belas paisagens, lugares fantásticos, longínquos, imaginários.
Relembram músicas, momentos tristes e felizes. Transformando-os em emoção e fantasia.
De repente me dou conta que já é dia. Vem surgindo no horizonte o sol ainda tímido.
— Se concentre. Continue a escrever, nada podes esquecer!
As ideias são assim. Para elas os momentos em que chegam não importam. Noite, dia ou madrugada. Às vezes vêm de mansinho, às vezes como pássaros em revoada.
Me auxiliam a preencher linhas, pintar cenários, emocionar.
— Por hora já terminamos. Pode guardar o caderno.
Obedeço sonolenta, mas contente.
E aguardo com ansiedade a próxima visita que sempre ao chegar me conquista.
Autoria
Gisele Silva é Pedagoga que atua com professoras e alunos de uma Escola Especial para Autistas em São João de Meriti. Professora dos anos iniciais na cidade do Rio de Janeiro. Pós Graduada em Alfabetização das Crianças das Classes Populares pela UFF. Faz parte do Coletivo “Encantadores de Letras”. Autora do Projeto “Caixa de Encantamentos” que incentiva a leitura, estimulando a percepção, a imaginação e o fazer criativo. Iniciou o caminho como escritora em 2019 publicando 3 livros de literatura infantil e participando com dois textos na coletânea "Vozes Negras: tecendo a resistência".
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Instagram: @giselesilvapegagoga
Facebook: Gisele Silva Pedagoga
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