Por Gilson Salomão Pessôa
A geração beat foi um movimento literário em meados dos anos 50 nos Estados Unidos. Inspirados pelo ritmo improvisado e imprevisível do jazz, buscavam a liberdade de estilo e comportamento, indo de encontro ao modelo formal e "certinho" que impregnava o país em questão após a Segunda Guerra Mundial. Os escritores que seguiam esse estilo viviam sem agenda nem rumo certo, movidos a drogas e sexo livre, tudo bastante passional e impulsivo. Além de Allen Ginsberg e William Burroughs, um dos grandes representantes dessa época foi sem dúvida Jack Kerouac.
Em "Kerouac", o quadrinista João Pinheiro comenta todos os eventos que marcaram a vida deste grande escritor, suas paixões, conflitos internos e sua grande inspiração para conceber um dos grandes clássicos da literatura americana, intitulado On the road (lançado no Brasil como Pé na Estrada) que inclusive ganhou uma adaptação para o cinema em 2010.
Através dessa obra percebemos como o seu espírito transgressor foi lentamente se formando desde a infância, quando a perda precoce de seu irmão mais velho fez com que ele percebesse a fugacidade do tempo e da própria vida em si. Além disso, sua educação católico-ortodoxa fez com que ele desenvolvesse uma sensibilidade exacerbada, além de um misticismo e imaginação fora do comum.
Apaixonado pela escrita desde cedo, seus ídolos eram Jack London, Thomas Wolfe, Ferdinand Céline e Dostoievski. Sua verdadeira revolução interior acontece quando ele vai para Nova York e lá entra em contato com a música negra, onde enxerga elementos valiosos para a concepção do seu estilo: a valorização da intuição, do espontâneo e da emoção sobre a frieza acadêmica que ele rejeitava.
Dividindo as fases da vida de Kerouak em capítulos que em sua maioria são abertos com inspiradas citações, João Pinheiro apresenta a trajetória desse grande escritor e os grandes momentos da mesma, onde as grandes transformações pessoais tomaram parte de sua vida para se transformar em um pedaço da história da literatura americana. A história de um homem que buscou a liberdade de sua alma e de sua arte a ponto de fundir ambas de forma inédita e genial.
Autoria
Gilson Salomão Pessôa é jornalista formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora, com Pós Graduação em Globalização, Mídia e Cidadania pela mesma faculdade. Publicou os livros "Histórias de Titãs Quebradiços" e "Um Suspiro Resgatado".
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