Por Fabiana Esteves
Vi hoje no grupo de Whatsapp da escola da minha filha que o livro TCHAU, de Lygia Bojunga, foi escolhido para leitura do trimestre de uma das turmas. Na mesma hora me veio a imagem da sala de aula do colégio de freiras onde estudei da quinta à oitava série. À frente, a professora Leile, de Língua Portuguesa, trazendo uma caixa cheia de livros e nos oferecendo para empréstimo. Sim, na escola havia uma biblioteca. Mas era completamente inacessível. Lembro de ter entrado uma vez, quando a mesma professora nos levou para assistir o filme Pollyana, cujo livro era assunto de nossas aulas. Linda a biblioteca. Os livros estavam lá, trancafiados em cristaleiras. E é claro que deveriam continuar onde estavam, bem longe das nossas mãos. Bom, voltando à caixa, eis que nossa mestra puxa lá de dentro um exemplar de TCHAU, em edição antiga da Editora Agir. Mostrou seus dotes literários e encantou a todos só pelo resumo apresentado. Você deve estar pensando que caminhei até a caixa e abracei, sofregamente, o livro que povoava o meu desejo… E que o trouxe para casa, ansiosa pela leitura… No entanto, infelizmente, não foi isso o que aconteceu. Era um desafio impossível para minha timidez imensa, maior do que a minha curiosidade e meu apetite literário. Como livro do bimestre, a professora Leile escolheu a mesma Lygia, mas era outro o título: ANGÉLICA. Assim me inaugurei nas narrativas da autora que, mais tarde, tornaria-se minha favorita, de quem conheço toda a obra. O TCHAU veio bem depois, nem sei bem quando, pois já o li incontáveis vezes, em diferentes momentos da minha vida. O mesmo fiz com outros livros dela, os revisito sempre, encontrando novos segredos a desvendar e desconhecidas trilhas a explorar. É diferente a experiência a cada vez que me entrego. E agora revivendo a Lygia que me veio pelas mãos da Leile (que por uma letra não tinha o mesmo nome de minha mãe, Leila) para ficar eternamente, sigo o exemplo das minhas mestras e acho justo que eu também saia por aí inaugurando as crianças pelas histórias dela. A tiracolo, levo sempre a minha BOLSA AMARELA, que cativou minhas filhas e esticou muito, carregando uma vontade de escrever que não para de crescer…
Laís, filha de Fabiana Esteves
Autoria
Fabiana Esteves é Pedagoga formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNiRIO) e Especialista em Administração Escolar. Trabalhou como professora alfabetizadora na Prefeitura do Rio de Janeiro e no Estado do Rio com Educação de Jovens e Adultos. Trabalhou como assessora pedagógica e formadora nos cursos FAP (Formação em alfabetização Plena) e ALFALETRAR, ambos promovidos pela Secretaria de Educação do mesmo município. Também foi Orientadora de Estudos do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa, programa de formação em parceria do município com o MEC. Em 2015 coordenou a Divisão de Leitura da SME de Duque de Caxias (RJ). Atualmente, é Orientadora Pedagógica da Prefeitura de Duque de Caxias, onde tem se dedicado à formação docente. Escritora e poeta, participou de concursos de poesia promovidos pelo SESC (1º lugar em 1995 e 3º lugar em 1999) e teve seus textos publicados em diversas antologias pela Editora Litteris. Escreve para os blogs “Mami em dose dupla” e “Proseteando”. Publicou os livros “In-verso”, "Pó de Saudade", "Maiúscula", "A Encantadora de Barcos" e "Coisas de Sentir, de Comer e de Vestir". É mãe das gêmeas Laís e Ísis.
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