Por Amanda Meireles
“Levanta a mão quem foi bem resolvida na hora do desmame”. Eu ficaria com minha mão bem abaixada e ainda daria um passo para trás.
Mês passado eu precisei tomar essa decisão difícil e antes de encará-la, tive todos os sentimentos de culpa e dúvida que uma mãe poderia sentir.
Fui em busca de artigos científicos sobre como proceder um desmame tardio sem traumas e encontrei um total de zero artigos. Antes da ajuda científica, aceitei – e testei – os conselhos populares: pó de café com pomada pra assaduras, uma gotinha de dipirona, uma boa conversa. Falhei em todas.
E foi assim por cerca de 1 ano. Não que fosse meu desejo forçar o desmame, pelo contrário. Mas Isaque nunca aceitou bem os alimentos e os pediatras ligavam essa recusa à amamentação. E eu fui empurrando com a barriga o quanto pude. Em parte porque me partia o coração, em parte porque eu estava cansada demais fisicamente (noites sem dormir, lembra?) para encarar essa batalha.
Mas é incrível como as coisas mudam num rompante, não é mesmo? Como uma decisão pode ser tudo o que a gente precisa. O cenário continua o mesmo, quem muda é a gente, a partir de um posicionamento.
Viktor Frankl disse eu experimentei como realidade: Quando não podemos mais mudar uma situação, somos desafiados a mudar a nós mesmos.
Eu resolvi que não queria mais ver meu filho daquele jeito e a partir daquele dia, ele não mamou mais. Queria eu dizer que não foi difícil, mas foi bem melhor do que o esperado. E quanto à alimentação, melhora cada dia um pouquinho.
Faz um mês que desmamei meu filho. E junto, desmamei a mim mesma.
Autoria
Amanda Meireles nasceu em 09 de outubro de 1983, em Duque de Caxias. Mãe apaixonada de Isabela e Isaque, estudante de Psicopedagogia, defensora da inclusão e do acolhimento, intérprete de Libras há 11 anos, autora do livro "O Jeito Que Ana Ouvia".
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