Por Fabiana Esteves
Escrever um livro é como gerar um filho. Primeiro a gente deseja, espera, anuncia... Só depois gesta. E este construir dentro da gente não é nada fácil. É uma tarefa sofrida deixar brotar de dentro de nós a palavra dura e ficar acrescentando água até ela ficar molenga e instalar-se inteira, tomando a forma de letra na página branca.
Ninguém disse que seria fácil. Inclui apagar, revisar, dar para o colega ler, digitar, ajeitar na folha, ler em voz alta pra testar o som da palavra, e depois voltar, apagar de novo, e voltar, ler de novo... E depois desta luta de vir a ser, os textos se colam um no outro feito luva na mão e tomam a unidade de obra.
Mas após assumir a ideia de ser livro ele precisa se fazer objeto concreto na mão do leitor. E aí travamos uma outra luta. Arrecadar dinheiro, fazer a capa, negociar com a editora, discutir prazos e preços. É a parte prática de ser livro. Mas no final disso tudo... Ele se encontra ali, na nossa mão, enquanto folha nova que brota da árvore... É um momento mágico. Como aquele em que a mãe fita pela primeira vez o seu rebento e não consegue segurar a emoção.
Nesta semana em que lanço meu livro novo, resolvi resgatar este texto que escrevi há alguns anos atrás. Embora eu saiba que a maternidade é uma experiência incomparável, diversa e infinitamente mais complexa do que a publicação de um livro, o sentimento da alegria do nascimento é o mesmo. Com a diferença de que, para um autor, o momento de entregar seu livro para o mundo é de pura felicidade, e os filhos a gente quer que sejam para sempre crianças, para sempre perto, sempre parte da gente.
Neste momento em que começo a me despedir dos primeiros exemplares, anseio pelas primeiras impressões, pelas fotos e carinhas encantadas. Para muitos escritores que atingem milhares talvez os leitores sejam apenas um número, um pequeno detalhe. Para mim, não. Como no poema de Adélia Prado em que a esposa ajuda a limpar os peixes que o marido trouxe da pescaria, valorizo cada olhar, cada sorriso, cada re-virar de página… A minha lida é para ser lida. Sou escrava da palavra.
Nas fotos acima, Fabiana Esteves, seu esposo Claudio e suas filhas Laís e Ísis.
"Coisas de Sentir, de Comer e de Vestir", novo livro da autora Fabiana Esteves.
Pode ser adquirido através do link: https://bit.ly/2PVYW0C
Autoria
Fabiana Esteves é Pedagoga formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNiRIO) e Especialista em Administração Escolar. Trabalhou como professora alfabetizadora na Prefeitura do Rio de Janeiro e no Estado do Rio com Educação de Jovens e Adultos. Trabalhou como assessora pedagógica e formadora nos cursos FAP (Formação em alfabetização Plena) e ALFALETRAR, ambos promovidos pela Secretaria de Educação do mesmo município. Também foi Orientadora de Estudos do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa, programa de formação em parceria do município com o MEC. Em 2015 coordenou a Divisão de Leitura da SME de Duque de Caxias (RJ). Atualmente, é Orientadora Pedagógica da Prefeitura de Duque de Caxias, onde tem se dedicado à formação docente. Escritora e poeta, participou de concursos de poesia promovidos pelo SESC (1º lugar em 1995 e 3º lugar em 1999) e teve seus textos publicados em diversas antologias pela Editora Litteris. Escreve para os blogs “Mami em dose dupla” e “Proseteando”. Publicou os livros “In-verso”, "Pó de Saudade", "Maiúscula" e "A Encantadora de Barcos". É mãe das gêmeas Laís e Ísis.
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