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Café com ela

Por Fabiana Esteves


Mãos segurando uma xícara de café

Encontrei este texto que escrevi há alguns anos, mas o que conto felizmente ainda se repete todas as manhãs. Como diria Elisa Lucinda, parem de falar mal da rotina, ela é preciosa. E traz em si a repetição do amor que se renova a cada dia, por mais simples que esse amontoado de horas possa parecer.

 

Todos os dias tomo café com ela. Desde que ela cresceu e pediu ao pai que não fizesse mais a vitamina de banana que as acompanhava desde os primeiros passos de vida.  A irmã ainda resiste a estas mudanças, mas ela fez questão: queria sentar à mesa e ter sua própria caneca. Tomar café com leite como os adultos... E desde então começamos a tomar café juntas todas as manhãs. Ela não come pão com manteiga, prefere queijo. De uns tempos para cá, aderiu ao requeijão e às minhas torradinhas. Eu tenho enxaqueca, e não posso dormir muito que a crise vem. Acordo bem cedo, mesmo nas férias. Tomo café sozinha. Quando presumo que ela já está acordada, vou ao quarto e pergunto: “Laís, posso colocar seu café?” Ela normalmente responde que sim (ou desfere um rompante mau humor típico de quem detesta acordar cedo) e eu coloco sua caneca ao lado da minha. Às vezes tomo café novamente quando ela acorda, só para não perder este momento. E de repente me lembro dos lanches da tarde que tomava com minha avó Maria, só nós duas. Nunca tiramos fotos destes momentos, né? Mas a memória não precisa de filmes ou revelações em sala escura. Ela guarda o que mais toca a alma. Ela forrava a toalha apenas na metade da mesa e sentávamos juntas, se bem me lembro quase todos os dias… A história se repete, e não importa muito o assunto que falamos nessas horas, ou se o silêncio reina enquanto dura a refeição, não importa se dura cinco ou cinquenta minutos este café, o mais importante é estarmos juntas e construirmos a linha que tece a teia de afeto que nos entrelaça as existências. Encho a minha caneca, a dela, esquento as duas, ponho na mesa, disponho o requeijão, as torradas e os talheres sobre o jogo americano. Ela pega o meu frasco de remédio… Estamos prontas para mais um café da manhã. Como todos os dias.



Fabiana Esteves e sua filha Laís Esteves

Nas fotos acima, Fabiana Esteves e sua filha Laís.




 

Autoria


Autora Fabiana Esteves

Fabiana Esteves é Pedagoga formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNiRIO) e Especialista em Administração Escolar. Trabalhou como professora alfabetizadora na Prefeitura do Rio de Janeiro e no Estado do Rio com Educação de Jovens e Adultos. Trabalhou como assessora pedagógica e formadora nos cursos FAP (Formação em alfabetização Plena) e ALFALETRAR, ambos promovidos pela Secretaria de Educação do mesmo município. Também foi Orientadora de Estudos do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa, programa de formação em parceria do município com o MEC. Em 2015 coordenou a Divisão de Leitura da SME de Duque de Caxias (RJ). Atualmente, é Orientadora Pedagógica da Prefeitura de Duque de Caxias, onde tem se dedicado à formação docente. Escritora e poeta, participou de concursos de poesia promovidos pelo SESC (1º lugar em 1995 e 3º lugar em 1999) e teve seus textos publicados em diversas antologias pela Editora Litteris. Escreve para os blogs “Mami em dose dupla” e “Proseteando”. Publicou os livros “In-verso”, "Pó de Saudade", "Maiúscula", "A Encantadora de Barcos", "Coisas de Sentir, de Comer e de Vestir" e "Mãe Também Engole Água Salgada". É mãe das gêmeas Laís e Ísis.


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